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Kurumin: Instalação, particionamento e solução de problemas

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Graças a todas as opções e textos de ajuda oferecidos pelo instalador, instalar o Kurumin 7 não chega a ser uma dificuldade. Apesar disso, este tutorial esgota o assunto, mostrando todas as opções de particionamento, opções escondidas durante a instalação e detalhes sobre como configurar e solucionar problemas relacionados ao grub.

por: Carlos E. Morimoto
01/03/2007

Uma diferença fundamental entre os live-CDs, como o Kurumin e distribuições Linux “tradicionais”, como o Mandriva, Fedora e Slackware, ou mesmo com relação ao Windows, é a forma como o sistema é instalado.

Tradicionalmente, os CDs de instalação das distribuições Linux contêm pacotes individuais de instalação dos programas juntamente com um programa de instalação. Ao dar boot através do CD, você abre um instalador, que se encarrega de instalar o sistema no HD. Depois de concluída a instalação, você reinicia a máquina e pode finalmente usar o sistema.

Durante a instalação, você pode escolher quais pacotes quer instalar e o instalador se encarrega de “montar” o sistema, instalando individualmente os pacotes marcados, como neste screenshot do instalador do Mandriva:

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Esta abordagem permite um controle maior sobre o que será instalado, mas possui também algumas desvantagens:

  • Torna a instalação mais complexa e confunde os usuários iniciantes (e muitas vezes também os avançados), já que pouca gente conhece a função de cada pacote e não sabe bem quais instalar. Nem sempre as descrições dos pacotes dão uma visão clara sobre sua função e importância. Para amenizar isso, os instaladores adotam um “meio termo”, onde você inicialmente escolhe entre algumas categorias, como “Ferramentas de escritório”, “Programação”, “Servidores”, etc., e acessa a tela de seleção manual de pacotes apenas se quiser personalizar a instalação.
  • Aumenta muito o trabalho dos desenvolvedores, que precisam se preocupar em checar as dependências de cada pacote e a ordem em que eles devem ser instalados para manter a instalação consistente, independentemente do que o usuário escolher.
  • O sistema pode ser apenas instalado, não roda direto do CD.

Nos live-CDs temos um sistema “base”, já configurado, que roda diretamente do CD. O instalador limita-se a copiar este sistema para o HD e fazer as alterações necessárias para que ele se adapte ao novo ambiente.

Apesar dos puristas torcerem o nariz, os live-CDs são uma forma tão mais prática de usar e instalar o sistema que cada vez mais distribuições passam a adotar este formato. Um exemplo clássico é o Ubuntu: nas primeiras versões ele utilizava um instalador “da velha guarda” em modo texto, mas a partir do 6.6 passou a ser distribuído primariamente na forma de live-CD.

Ao instalar o Kurumin no HD, são mantidas as configurações feitas durante o boot. Por isso, primeiro teste o sistema rodando a partir do CD e certifique-se de que o vídeo está corretamente configurado, as placas de som e rede estão funcionando, etc. antes de iniciar a instalação.

Se você não tem espaço suficiente no HD para criar várias partições, ou não quer arriscar seus arquivos mexendo no particionamento do HD (lembre-se: Só Jesus salva, o homem faz backup! ;), você pode ainda treinar usando o VMware Player, um virtualizador que permite instalar as distribuições dentro de máquinas virtuais, que abordo mais adiante. Graças ao VMware, também é possível rodar o Kurumin sobre o Windows.

A opção de instalar o Kurumin está bem visível dentro da tela inicial do Painel de Controle e você pode também chamar o instalador usando o comando “sudo kurumin-install” no terminal. No Painel estão organizadas também outras funções que usamos para configurar o sistema, que examinaremos com mais cuidado adiante.

O instalador é, na verdade, um script, localizado dentro da pasta “/usr/local/bin/”. Você pode estudá-lo e até alterá-lo caso necessário, usando um editor de textos qualquer. Assim como o instalador, muitas ferramentas aparentemente complexas, são, na verdade, scripts relativamente simples, que trabalham executando em ordem os comandos de texto necessários para realizar cada tarefa. Uma característica importante no Linux é que apesar de todas as ferramentas gráficas, toda configuração do sistema pode ser feita através do terminal, desde que você saiba os passos necessários.

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Antes de instalar, vamos revisar alguns passos importantes:

As partições no Linux

Temos duas interfaces IDE na placa-mãe, onde cada uma permite a conexão de dois HDs, configurados como master ou slave. O primeiro HD, conectado à interface IDE primária e configurado como master, é reconhecido pelo Linux como hda, o segundo HD, slave da IDE primária é reconhecido como hdb, enquanto os dois HDs conectados à IDE secundária são reconhecidos como hdc e hdd. Caso você esteja usando um HD Serial ATA, então ele será visto como sda. Caso sejam dois, um será o sda e o outro sdb. O mesmo acontece ao usar HDs SCSI.

Ao mesmo tempo, cada HD pode ser dividido em várias partições. Podemos ter um total de 4 partições primárias ou três partições primárias e mais uma partição estendida, que pode englobar até 255 partições lógicas. É justamente a partição lógica que permite a nós dividir o HD em mais de 4 partições.

Esta limitação das 4 partições primárias é uma limitação que existe desde o primeiro PC, lançado em 1981. Os projetistas que escreveram o BIOS para ele precisavam economizar memória e chegaram à conclusão que 2 bits (4 combinações) para o endereço das partições seriam suficientes, pois na época os HDs mais vendidos tinham apenas 5 MB e só existia um sistema operacional para PCs (o MS-DOS), de forma que era raro alguém precisar criar mais de uma partição. As coisas mudaram “um pouco” de lá pra cá, mas infelizmente esta limitação continua até os dias de hoje ;).

Para amenizar o problema, fizeram um “xuncho” adicionando a possibilidade de criar partições lógicas. Ao invés de criar 4 partições primárias e ficar sem endereços para criar novas partições, você cria uma “partição estendida”, que é uma espécie de container, que permite criar mais partições. A partição estendida contém uma área extra de endereçamento, que permite endereçar as 255 partições lógicas. É possível criar até 4 partições estendidas, de forma que (em teoria) é possível dividir o HD em até 1020 partições.

A primeira partição primária, do primeiro HD (hda), é chamada de hda1. Caso o HD seja dividido em várias partições, as demais partições primárias são chamadas de hda2, hda3 e hda4. Porém, o mais comum ao dividir o HD em várias partições é criar apenas uma partição primária e criar as demais partições dentro de uma partição estendida.

As partições estendidas recebem números de 5 em diante (hda5, hda6, hda7, etc.) mesmo que as partições hda2 e hda3 não existam:

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Neste mapa temos a partição primária, montada no diretório raiz (/) e uma partição estendida, que engloba tanto a partição swap quanto a partição montada em /home. Este é o esquema de particionamento mais usado no Linux: três partições, sendo uma a partição raiz, onde o sistema fica instalado, a partição swap e uma terceira partição (opcional), montada no diretório /home.

A idéia é a mesma de dividir o HD em C:\ e D:\ no Windows: simplesmente manter seus arquivos pessoais em uma partição diferente da dos arquivos do sistema, para melhorar a segurança e permitir que você possa tranqüilamente reformatar a partição do sistema quando precisar reinstalá-lo, sem correr o risco de perder junto seus arquivos pessoais. Se estiver com dúvidas sobre como o HD está particionado, abra o gparted, que você encontra no Iniciar > Sistema. Ele mostra um mapa do HD.

Digamos que você queira particionar um HD de 80 GB para instalar o Windows e o Kurumin em dual boot, deixando uma partição de 20 GB para o Windows, uma partição de 20 GB para o Kurumin, uma partição de 1 GB para swap e uma partição maior, de 39 GB para guardar seus arquivos (você poderia usar esta partição maior como home, como explico mais adiante). Como precisamos de 4 partições no total, seria possível criar diretamente 4 partições primárias, mas neste caso você ficaria sem endereços e perderia a possibilidade de criar novas partições mais tarde, caso resolvesse testar uma outra distribuição, por exemplo.

Ao invés disso, você poderia começar criando a partição de 20 GB do Windows como primária (é sempre recomendável instalar o Windows na primeira partição do HD e em uma partição primária, devido às particularidades do sistema) e em seguida criar uma partição estendida, englobando todo o resto do espaço, criando as demais partições como partições lógicas dentro dela. Estes conceitos referentes às partições valem para qualquer programa de particionamento, do gparted ao Partition Magic. Elas são uma particularidade da plataforma PC e não do Linux.

Instalando

Ao começar a instalação propriamente dita, o primeiro passo é escolher em qual HD o sistema será instalado, caso você tenha mais de um:

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O particionamento do HD pode ser feito através do cfdisk, um particionador de modo texto que lembra um pouco o fdisk do Windows 98, ou usando o gparted, um particionador gráfico com uma interface parecida com o Partition Magic. O cfdisk é mais prático quando você simplesmente quer formatar o HD todo e criar novas partições, enquanto o gparted permite que você redimensione partições do Windows e outras distribuições Linux para liberar espaço para instalar o Kurumin.

O Kurumin 7 ocupa cerca de 1.6 GB ao ser instado, mas você precisará de espaço para guardar seus arquivos e instalar outros programas, de forma que o ideal é reservar pelo menos 4 GB para o sistema.

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O instalador te obriga a escolher um dos dois, mas se o HD já estiver particionado, basta fechar o gparted ou selecionar a opção “Quit” na janela do cfdisk para prosseguir com a instalação. Mais adiante, veremos mais detalhes sobre o uso do cfdisk e do gparted.

Copiando os arquivos

Depois de particionar o HD, chegamos à parte mais crucial da instalação, que é a cópia dos arquivos propriamente dita. O instalador detecta automaticamente partições swap disponíveis no HD e pergunta qual usar apenas caso exista mais de uma. Nas versões recentes do Kurumin (a partir do 6.1) o instalador cria um arquivo de swap de 256 MB caso não exista nenhuma partição swap disponível, permitindo que você instale o sistema usando uma única partição. Este “arquivo de swap” é um pouco mais lento do que usar uma partição swap dedicada, por isso é sempre preferível criar uma partição swap “de verdade” ao particionar o HD.

Continuando, o instalador pergunta e em qual partição o sistema deve ser instalado. Note que a lista inclui apenas partições formatadas em sistemas de arquivos do Linux, para evitar o clássico acidente de formatar por engano a partição do Windows. Lembre-se de que a sua partição C:\ do Windows é geralmente a “/dev/hda1” no Linux.

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O Linux suporta vários sistemas de arquivos diferentes. A função do sistema de arquivos é organizar o espaço disponível no HD, criar estruturas que permitem gravar e ler arquivos de forma organizada. Os primeiros sistemas de arquivos suportados pelo Linux, bem no começo do desenvolvimento, eram o Minix e o EXT. Ambos possuíam limitações graves com relação ao desempenho e ao tamanho máximo das partições, de forma que ambos foram substituídos pelo EXT2, que continua em uso até hoje.

O EXT2 é um sistema similar ao FAT32 do Windows. Os arquivos são organizados de uma forma simples, com o HD dividido em vários clusters (que no EXT2 chamamos de blocos), onde cada cluster armazena um arquivo ou um fragmento de arquivo. Um índice no início do HD guarda uma tabela com os endereços de cada arquivo no HD.

Muita gente gosta desta simplicidade e por isso continua usando o EXT2 até hoje. O problema é que, assim como o FAT32 do Windows, o EXT2 tem uma grande tendência a perder dados quando o micro é desligado incorretamente (o que em um desktop é muito comum). Nestes casos entra em ação o fsck, que vasculha todos os arquivos da partição, de forma a detectar e corrigir erros, da mesma forma que o scandisk do Windows. Os dois problemas fundamentais com o fsck são que:

1– O teste demora muito.

2– Ele só corrige erros simples. Sempre que um problema mais grave é detectado, o carregamento do sistema é abortado e você cai em um prompt de recuperação (herança da época em que o Linux era feio, estranho e complicado), onde você precisa conhecer e saber usar os comandos necessários para reparar os erros manualmente.

Ou seja, a menos que você tenha um no-break e seu micro nunca seja desligado no botão, não use o EXT2. Ele é um sistema obsoleto, assim com o FAT32 no Windows.

Temos, em seguida, o EXT3, uma evolução do EXT2, que inclui um sistema de journaling. O journal (diário) consiste em uma espécie de log, que armazena todas as alterações que são feitas nos arquivos e quando elas foram concluídas. Quando o micro é desligado incorretamente, o fsck consulta este “diário” para corrigir os erros, sem precisar executar o teste completo.

Embora as versões iniciais do EXT3 tivessem muitos problemas, ele evoluiu bastante nos últimos anos e é atualmente um sistema de arquivos bastante seguro, utilizado por padrão na maioria das distribuições. As principais vantagens de usar o EXT3 são o boot mais rápido (em média 10 segundos menos do que ao instalar em uma partição ReiserFS e a grande oferta de programas de manutenção e recuperação de dados).

Finalmente, temos o ReiserFS, que é a opção default de sistema de arquivos desde as primeiras versões do Kurumin. Ele é também um sistema de arquivos bastante moderno, que inclui muitos recursos para a proteção dos dados e do próprio sistema de arquivos no caso de problemas diversos e desligamentos incorretos. O ReiserFS também aproveita melhor o espaço, agrupando arquivos pequenos, de forma que eles sejam gravados de forma contínua. Isso acaba fazendo uma grande diferença, pois no Linux temos uma quantidade muito grande de pequenos executáveis, bibliotecas e arquivos de configuração.

O ReiserFS é um sistema bastante robusto, bem adaptado para suportar os maus-tratos típicos de um desktop. Por isso (apesar do rápido avanço do EXT3) ele ainda é o sistema recomendado.

Outros sistemas “modernos” são o XFS e o JFS, que são otimizados para uso em servidores. Eles também são relativamente populares, mas não são oferecidos pelo instalador para não aumentar muito o número de opções.

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Depois de selecionar a partição e o sistema de arquivos, o instalador confirma mais uma vez se você realmente quer formatar a partição para instalar o sistema. Existe aqui uma opção de atualização escondida, que foi incluída a partir do Kurumin 4.2: se você responder “Não”, o instalador vai copiar os arquivos sem formatar a partição, atualizando uma versão anterior do Kurumin instalada, sem apagar seus arquivos e configurações.

Assim como no Windows, esta opção de atualização é mais propensa a problemas, pois é difícil preservar todos os programas instalados e todas as modificações que foram feitas. Embora a atualização funcione bem na maioria dos casos, alguns programas podem deixar de funcionar (o que pode ser resolvido simplesmente reinstalando-os). Os arquivos e configurações, que são o mais importante, são sempre preservados.

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A cópia dos arquivos propriamente dita é relativamente rápida, cerca de 7 minutos ao instalar em um micro com um drive de 52x.

Embora o sistema fique carregado durante a cópia, nada impede que você navegue ou faça alguma outra coisa enquanto o sistema está sendo instalado. Os dados são copiados diretamente a partir do CD-ROM (que é somente leitura) para dentro da partição, de forma que a cópia não é perturbada mesmo que você crie ou modifique alguns arquivos durante a instalação.

 

Concluindo a instalação

Dicas: particionamento

Configurando o grub

fonte: Guia do Hardware.net 

Written by xvr2k3rds

1 março, 2007 at 2:37 am